SEGUNDO CAPÍTULO - PELE DE CORDEIRO

27/01/2013 21:44

PELE DE CORDEIRO

Texto de Wanderson Mota

Obs: Para melhor entrar no clima da trama, abra o Kboing ou qualquer outra ferramenta de ouvir músicas de sua preferência e liste as canções: Malandragem (Cássia Eller), Proibida pra mim (Zeca Baleiro), Ilegais (Vanessa da Mata) e Faz parte do meu show (Cazuza) que serão usadas neste capítulo.

 

(Para se localizar na história, releia a última cena do primeiro capítulo. Detalhe, as figuras apenas servem como referência do ambiente, no entanto não indicarão dia ou noite.)

I CENA
Apartamento de Lídia e Eriberto...

Mais tarde naquela noite, Lídia está no escritório de sua casa. Muito atenta no computador. Leva um susto quando Eriberto se aproxima vestindo um roupão e segurando uma gigantesca xícara de chocolate quente.
LÍDIA: Ai, que susto Eriberto!
ERIBERTO: Escolher um marido feio como eu, tinha que ter seus contras né? Tomar um susto a noite na sua própria casa é um deles!
Lídia ri. Eriberto lhe dá um beijo carinhoso no pescoço.
ERIBERTO: O que faz tão tarde nesse computador amor?
LÍDIA: Correndo contra o tempo. Quando soube do acidente com Patrícia sai voando da redação e deixei muito serviço pela metade. Mas já estou finalizando. Só enviando alguns e-mail’s para o pessoal da gráfica.
ERIBERTO: Escreveu sobre o corrido hoje com sua prima?
Lídia ficou séria repentinamente.
LÍDIA: Sim, escrevi. Uma pequena nota, claro.
Eriberto, que já conhece muito bem a esposa, percebeu o incomodo em falar no assunto.
ERIBERTO: Hum... Não gostei dessa sua cara! Muito séria para meu gosto. Deixa-me ver... É os seu faro de jornalista investigativa falando mais alto agora! Acertei?
LÍDIA: Quase!
Eriberto, ainda se deliciando com seu chocolate quente, puxa uma cadeira para próximo de sua esposa e atenciosamente se dispõe a ouvi-la.
ERIBERTO: Diga me então o que está te incomodando.
LÍDIA: O feito do tão jovem parece que hipnotizou todo mundo ao ponto de cegar vocês para alguns detalhes!
ERIBERTO: Tipo...? Seja mais clara!
LÍDIA: Como esse rapaz chegou lá? Ele só diz “quando eu vi o carro”, “quando eu vi aquela cena”... Mas de onde, de que, com quem, porque ele ia passando por ali ninguém questiona!
ERIBERTO: Está aí! É verdade. Amanhã, aliás hoje né, teremos a oportunidade de perguntar isso no jantar na casa da Patrícia. Mas porque essa desconfiança? Não foi com a cara do rapaz.
LÍDIA: Simpático ele é, claro. Mas sabe quando o seu santo não bate com o da outra pessoa?
ERIBERTO: Não, não sei. Sabe que sou cético. Santo é coisa para católico de muita fé. Meu negócio é gostar ou não gostar e pronto!
LÍDIA: Você sabe o que eu quis dizer. Mas enfim, espero que a Patrícia e, principalmente a tia Edna, não estejam dando asas para cobra!
ERIBERTO: Pelo jeito que fala é comece se tivesse insinuando que o rapaz seja um psicopata querendo se infiltrar na família para matar todo mundo!
LÍDIA: Não com todo esse dramatismo como você sugere meu bem. Mas pode não ser uma pessoa bem intencionada. Tem muito lobo em pele de cordeiro por aí viu!
ERIBERTO: Não sei amor. Mas não quero que fique aí procurando chifre me cabeça de cavalo e nem levante suspeitas. Guarde suas impressões para você. Sabe como sua prima e sua tia estão muito contentes com este rapaz! Para dona Edna principalmente, já que ela acha que é o finado Eduardo, seu filho, voltando!
LÍDIA: É, eu sei. Mas também não vou ficar tão inerte assim.
ERIBERTO: E você acha que eu não sei? Conheço meu. Só peço que tenha prudência! Somente isso. Agora me deixa terminar de tomar meu chocolate. Ah, e se perguntarem , você não me viu aqui ok?
Lídia riu. Eriberto e suas piadas sempre animam Lídia.
II CENA
Casa da Família Lemos

 

Patrícia esta deitada na cama com a cabeça no colo de sua mãe. Ricardo, no computador.
EDNA: Precisamos convencer aquele rapaz a ficar no apartamento.
RICARDO: Mas ele já disse que não quer dona Edna.
EDNA: Sim, mas acho que estava sem jeito de aceitar. Afinal, pelo que nos contou ele precisa sim. Mora de aluguel, num sobrado abandonado às traças!
RICARDO: Não podemos é obrigar ele a ficar com o apartamento. Além do mais já estava nos meus planos vender aquele imóvel.
PATRÍCIA: Não Ricardo, para que vender? Se podemos fazer um bem a este rapaz que salvou minha deixando ele no apartamento não vejo o porque não fazer isso. Coitado! Sabe-se lá as condições que ele vive. Um jovem guerreiro, inteligente, focado no seu futuro. Ele deve passar por situações que nem de longe você conhece!
RICARDO: Claro, o mauricinho aqui nunca soube o que é necessidade né Patrícia? É isso que você quer dizer?
PATRÍCIA: Não amor. Mas poxa, o rapaz precisa e fez algo para nós dois que não há palavras para descrever. Nada mais justo, não é mamãe?
EDNA: Claro minha filha. Quero de alguma forma aquele rapaz perto de nós. Ele ajuda a matar a saudades de seu irmão.
Ricardo tentava demostrar que não estava satisfeito com esse interesse repentino e descuidado das duas por Gustavo. Mas como sempre, calava-se para não desagradar sua sogra diante de Patrícia.
Música sugerida: Proibida pra mim – Zeca Baleiro
III CENA
No dia seguinte, pela manhã... Em um motel de Santos.

 

Gustavo acorda assustado. Olha o relógio e assusta-se mais ainda com as horas.
GUSTAVO: Caramba! São nove horas!
Olha para o lado e a cliente daquela noite não estava mais ali. Pela primeira vez ele dormiu mais que a cliente e perdeu a chance de furtar a carteira dela. Mas no cós de sua cueca ela havia deixado quatrocentos reais em cédulas de cinquenta. Gustavo, levantou-se foi ao banheiro e após tomar o banho saiu do motel. Na parada mais próxima entrou em um ônibus em direção ao centro da cidade. Da parada de ônibus onde desembarcou, Gustavo foi diretamente a uma loja de roupas de marca. Entrando, a atendente o aborda.
ATENDENTE: Posso ajudar?
GUSTAVO: Pode. Quero ver as melhores roupas. Vou a um jantar com uns grã-finos hoje sabe?
A atendente ri e pede que o acompanhe. No provador, Gustavo experimentou as roupas mais bonitas e também as mais caras da loja. Diante do espelho se observava. Ele era um belo rapaz mesmo! Tinha um porte elegante. Por um instante as lembranças de seu pai povoou sua mente mais uma vez...
GUSTAVO: Papai amanhã é a festa dos pais na escola.
PAI: E daí?
GUSTAVO: O senhor não vai?
PAI: Fazer o que lá garoto? Vê um bando de moleques mal criados que apenas um dia se comportam e escrevem uma droga de cartão dizendo ‘pai eu te amo’? Tenho mais o que fazer.
GUSTAVO: Então o senhor não vai papai?
PAI: Não! Você não tem pai! Eu não sou ninguém para você garoto! Quando você crescer mais um pouco, vai entender o que estou te falando moleque. Eu não sou ninguém, assim como você também não é!
Voltando de suas recordações, Gustavo ouve a atendente...
ATENDENTE: E então rapaz, já escolheu?
GUSTAVO: Já. Vou levar essa camisa.
Após pagar, saiu da loja. Só então se dirigiu para sua casa. Após pegar mais um ônibus, estava ele de volta naquele sobrado velho. Subiu as escada e a primeira pessoa que encontrou foi Américo.
AMÉRICO: Eu estava só esperando você!
GUSTAVO: É o aluguel não é?
AMÉRICO: E eu teria outra coisa para tratar com marginal?
GUSTAVO: Sem ofensas seu Américo!
Gustavo colocou duzentos reais na mão do velho ganancioso.
GUSTAVO: É tudo que tenho para lhe dar agora.
AMÉRICO: Você está de brincadeira não é? Garoto isso não paga a terça metade do que você e esse outro trombadinha estão me devendo de aluguel!
GUSTAVO: É tudo que tenho no momento seu Américo.
Gustavo dá de ombros a Américo e sai caminhando pelo corredor até chegar em seu apartamento.
AMÉRICO: Quando vieram alugar o apartamento eu deveria ter ido pela intuição e percebido a espécie de pessoa que vocês são! Uns salafrários!
Gustavo nem se quer deu ouvi quando entrando no apartamento encontrou Tuta, deitado com uma mulher no chão da sala. Os dois acordaram, e a mulher que estava nua logo se levantou coberta com lençóis e correu para o banheiro.
TUTA: Ih, parceiro qual é? Chega assim do nada cortando o barato dos outros? Minha nega ficou toda sem jeito!
GUSTAVO: Já viu que horas são Tuta?
TUTA: Minha vida não recebe ordem de relógio, falou! E aí, o que manda de bom. Foi lá deitar com as coroas de novo foi?
GUSTAVO: Alguém tem que trabalhar nessa casa não é?
Indo até a cozinha, Gustavo prepara um café. Nem percebe a hora em que a mulher que estava com Tuta, retorna do banheiro vestida e vai embora. Tuta entra no banheiro e escova os dentes encostado à porta. Fala com Gustavo com a boca cheia de espuma de creme dental.
TUTA: E essa cara de ganhador de loteria! Não conta mais as novas? Pegou uma coroa ricaça né? Já tenho tudo planeja, vamos sequestrar a velha e pedir resgate!
GUSTAVO: Deixa de falar besteira Tuta! Achei coisa melhor que isso! Estou planejando uma coisa aí que se tudo der certo logo logo minha vida vai mudar.
TUTA: Vai se converter para alguma igreja “rapah”?
GUSTAVO: Não. Não é isso. Diria apenas que a vida tratou de dar o rumo certo para concertar alguns erros.
TUTA: Ih não entendi nada!
GUSTAVO: Tenho hoje um encontro meu amigo. Se eu me sair bem, vai ser a oportunidade de sair desse moquifo criadouro de baratas! O negócio vai mudar. Comigo vai ser outro nível parceiro. Quero ver quem vai dizer que não sou ninguém, que nasci para dar errado!
Música sugerida: Malandragem – Cássia Eller
De repente mais um flash de seu passado relampeja em suas lembranças. Naquele dia seu pai foi buscar Gustavo na escola porque apanhou de uns coleguinhas. A professora esperava o pai do garoto junto ao portal. E assim que viu seu pai aparecer, sujo de graxa e macacão imundo, o garoto sentiu um breve conforto! Assim que a professora o entregou e adentrou a escola, o sentimento de Gustavo mudou ao ouvir...
PAI: Você é mesmo um fracassado garoto! Um frouxo! Apanhar na escola é o inicio de quem vai apanhar muito na vida.
Gustavo chora.
PAI: Engole esse choro! Vamos engole! Ou eu termino de fazer o que esses garotos que te bateram não fizeram! Eu, Aguinaldo Ferreira nunca apanhei sem também dar o troco! Aprende moleque: apanha, mas bate também!
Gustavo voltando a si, está sobre os olhares curiosos de Tuta.
TUTA: Cara, quando tu se cala assim tu vai longe né? Eu tenho medo de você e esses seus mistérios! Tu é sinistro Gustavo! Sinistro!
GUSTAVO: Chegou a hora de bater, compadre! Chega de apanhar nessa vida!
IV CENA
Casa da Família Lemos...

 

Guta, arruma o quarto de Edna. Sua filhinha Lara de seis anos de idade, acompanhou a mãe naquele dia de serviço. No entanto, estava dando imensa dor de cabeça. Muito peralta, a menina bagunça tudo que a mãe arruma. Ali no quarto, enquanto a Guta se arrisca tentando pegar as roupas de cama na parte superior do closed de dona Edna, a garota puxa as gavetas do criado-mudo. Um das gavetas cai e espalham-se pelo chão fotos e cadernetas.
GUTA: Lara, eu disse para você não mexer em nada garota! Olha o que você fez!
LARA: Ela caiu sozinha mamãe!
Guta apressa-se em juntar os papéis, mas observa um antiga foto de dona Edna e um rapaz.
GUTA: Olha, a dona Edna era um pitelzinho quando jovem hein!
Guta, ainda observando encontrou uma carta já bem surrada pelo tempo, mas claramente se via escrito no envelope...
GUTA: ... “De Aguinaldo F. com muito amor para Edna Lemos”. Ah, então esse era o pai da dona Patrícia!
Lídia, entra no quarto. Surpreendida Guta tenta esconder o envelope.
LÍIDA: Guta, onde está a titia?
GUTA: Saiu muito cedo com a dona Patrícia.
LÍDIA: Não era para Patrícia está de repouso?
GUTA: Era. Mas você sabe como são a Patrícia e a dona Edna!
LÍDIA: O que é isso que você esconde aí?
GUTA: Ai, dona Lídia, não foi culpa minha. Essa menina é uma benção e derrubou essa gaveta da dona Edna. Eu acabei encontrando essas fotos e cartas de quando a dona Edna era mais nova.
LÍDIA: Sério? Deixa eu ver!
GUTA: É uma carta de um tal de Aguinaldo para dona Edna. Esse é o falecido marido dela?
LÍDIA: Aguinaldo? Não, o marido da titia se chamava Cézar!
GUTA: Ih, então a dona Edna era perigosa hein!
LÍDIA: Aguinaldo? Nunca ouvi titia falar a respeito! Estranho... Será um antigo namorado?
GUTA: Então eu vou guardar aqui direitinho para ela não desconfiar.
LÍDIA: Quem diria! A titia maior pegadora! Eu mereço isso pra começar o dia!
As duas riem.
V CENA

 

Cai a noite em Santos... No ponto onde Gustavo faz programa, Danila sente sua falta. E liga inúmeras vezes para seu celular.
DANILA: Ai que merda! Porque ele não atende essa droga de celular?
Nisso, uma das garotas que também fazem programa ali se aproxima.
GAROTA: Gustavo é assim mesmo! Deixa ele. Ele é de ninguém... Gosta de viver solto, sem se prender a ninguém... Vai só criar rugar cedo se preocupando com ele. Estou te avisando!
DANILA: Melhor deixar pra lá mesmo!
GAROTA: Já soube da última? Aconteceu algo terrível com aquela cliente fiel do Gustavo. Aquela coroa rica da barra funda lá em São Paulo!
DANILA: O que houve?
GAROTA: Acharam ela morta dentro do carro no matagal na estrada de Santos. Ela foi estrangulada.
DANILA: Que horror!
Música Sugerida: Proibida pra mim – Zeca Baleiro
Naquele momento, Gustavo já entrava na imensa mansão da família Lemos. Estava maravilhado com a grandeza da luxuosa casa dos poderosos donos da Lemos Prado Construtora. Foi recepcionado por Patrícia, que estava elegantemente vestindo um vestido vermelho.
PATRÍCIA: Seja bem vindo Gustavo! Achei que não fosse aparecer.
GUSTAVO: Aconteceu um problema enorme no caminho dona Patrícia. Mas graças a Deus, deu tudo certo!
PATRÍCIA: Graças a Deus mesmo!
EDNA: Gustavo! Que bom que você veio meu filho! Vamos entre, todos já estão na mesa!
Gustavo entrou na suntuosa sala de jantar da mansão e diante dele a família Lemos e Prado sentados na mesa luxuosa. Por um instante ficou sem jeito.
GUSTAVO: Boa noite!
E agora, estavam todos ali, conversando e comendo em um clima muito familiar. Menos Ricardo que estava meio incomodado com a ocasião. Gustavo também estava um pouco calado até que... Da mesa de jantar para sala, todos continuavam no clima festivo, mas agora com a presença do álcool. Uísque e conhaque livremente, retiraram um pouco do bom senso...
LÍDIA: Bem, esta noite só está acontecendo por causa do feito heroico de Gustavo Ferreira!
Ele claramente sentiu o tom hironico de Lídia. Eriberto cerrou o cenho. Sua esposa havia exagerado. Nada que se comparasse com o que estava por vir.
LÍDIA: Diga-me, foi do céu que caiu no local do acidente?
Todos riram. Até Gustavo, meio que forçadamente antes de responder.
GUSTAVO: Eu voltava de um estágio da faculdade me São Paulo!
LÍDIA: Muito longe para um estágio não? E voltava de que? Nas asas de um cometa ou na carruagem de Elias?
GUSTAVO: Não senhora Lídia. Eu estava de moto. Com o rapaz que mora comigo. Assim que chamei a emergência ele precisou continuar o caminho e fiquei para ajudar dona Patrícia.
LÍDIA: Ah tá! Mas muito injusto de sua parte só falar do seu amigo agora não é pessoal? Ele também deveria estar aqui para receber as devidas honras!
Eriberto levanta rapidamente.
ERIBERTO: Bom, já está tarde e temos que ir, não é amor?
LÍDIA: Agora que a festa estava ficando boa? Mas enfim, vamos!
O casal se despediu dos demais. Dona Edna então acompanhou os dois até a porta. Mas ao voltar, um descuido nos degraus lhe rendeu um tombo. Ela soltou um forte gemido. Todos correram para ajuda-la. Após examinar, Gustavo chega a conclusão.
GUSTAVO: Ela torceu o tornozelo!
PATRÍCIA: Temos que leva-la ao consultório.
EDNA: Novamente você no lugar certo. Deve ser um sinal. Meu filho fica aqui em casa conosco e cuida de mim!
Patrícia, Edna e Gustavo se entreolham. Ricardo fica mais inquieto ainda.
Música sugerida: Faz parte do meu show – Cazuza
Mais tarde naquela noite...
 
Patrícia, Ricardo, Gustavo e Guta estão no hospital onde Edna foi levada para examinar a tornozelo. Não teve outra. Imobilizar o tornozelo com gesso. Ricardo e Patrícia conversavam a parte.
RICARDO: Então a ideia de vocês duas é que o tal rapaz fique agora conosco?
PATRÍCIA: Pelo menos até que mamãe se recupere. Você sabe que contratar alguém para cuidar de uma idosa sai caro.
RICARDO: Guta já faz isso.
PATRÍCIA: Guta não é enfermeira!
RICARDO: Acho que perderam o juízo. Ele é um estranho para nós. Nem o conhecemos bem ainda amor!
PATRÍCIA: Já conhecemos o que precisamos conhecer. Além do mais, mamãe já está decidida. Não vai abrir mão dele na nossa casa.
RICARDO: Olha meu bem, tudo certo. Vocês são adultas e sabem o que fazem. Eu lavo minhas mãos.
Ricardo sai da presença de Patrícia. Gustavo em outro canto liga para Tuta. Ele, mesmo sem demostrar estava cheio de raiva pelo comportamento de Lídia na casa dos Lemos.
TUTA: Ih cara! Essa hora?! Tu sabe que eu tô no trampo pow!
GUSTAVO: Não vou dormir em casa hoje!
TUTA: Grande novidade rapah!
GUSTAVO: Mas não foi para isso exatamente que liguei. Na verdade preciso de um favor seu.
TUTA: Pode mandar.
GUSTAVO: Já brincou de esconde-esconde?
TUTA: Que papo é esse cara?!
GUSTAVO: É que nós vamos brincar de dar sumiço em alguém.
TUTA: Que papo louco é esse?!
GUSTAVO: Vamos dar um susto em uma xereta sequestrando seu marido! Mas relaxa, é só um susto. Coisa rápida!
TUTA: Vai rolar um “cascalho” cara?
GUSTAVO: Com certeza!
TUTA: Estou dentro. Basta ligar depois para gente combinar a parada!
Gustavo desliga o celular. E exclama...
GUSTAVO: Seu Aguinaldo Ferreira, Seu Aguinaldo Ferreira, não importa onde você esteja, mas se estiver me ouvindo agora escuta bem: Vou te mostrar quem é Gustavo!
Esta última frase Guta escutou com muita estranheza!
Musica sugerida: Ilegais – Vanessa da Mata
ADENDA
Segundo Distrito Policial de Santos.
Silveira, delegado responsável pela investigação da mulher encontrada morta dentro do carro na estrada de Santos, conversa com outros policiais.
SILVEIRA: Completamente descartada hipótese de suicídio. Havia mais alguém com ela.
POLÍCIAL: Alguma pista?
SILVEIRA: No carro nem sinal. Além de uma garrafa de uísque. Que ela consumiu e a notinha fiscal da bebida emitida pelo estabelecimento onde ela comprou.
POLÍCIAL: Já sabem o local?
SILVEIRA: Zona de prostituição de Santos. Além do mais, certamente o assassino teve relações sexuais com ela hora antes. Coletaram o material e levaram para exames. Em breve vamos chegar ao assassino!
FIM